Desmaio, Síncope ou Disautonomia

O que é Demaio ou Síncope?

O desmaio e caracterizado quando ocorre uma perda de consciência, de forma súbita ou rápida, normalmente por falta de oxigênio ou sangue adequados chegando ao cérebro, o que evolui com perda de força muscular e da capacidade de movimentos ou sustentação do corpo.

Comumente há um período curto de duração entre a perda de consciência e o retorno a mesma, retornando o movimento, fala e orientação, de forma espontânea.

Toda alteração de consciência ou queda, é uma síncope?

A resposta é bem direta: NÃO!

Existem diversos mecanismos ou doenças que podem levar a uma alteração do nível de consciência, parcial ou total, sem que evolua uma síncope, logo não há alteração da chegada de sangue ao cérebro, levando a sincope.

Alterações com Queda, sem Diminuição do Fluxo de Sangue no Cérebro:

1. Epilepsia ou crise convulsiva
2. Hipoglicemia
3. Transtorno de Ansiedade com aumento da respiração forçada
4. Intoxicação por medicamentos
5. Hipóxia ou redução do oxigênio sanguíneo

Alterações com Queda, onde não há perda da consciência:

1. Falsa sincope de origem psicológica
2. Quedas
3. Ataque isquêmico transitório (AVC Temporário) de origem carotídea

De onde vêm os Desmaios?

Para iniciar a investigação, devemos ter em mente que temos vários mecanismos ou fontes de origem do porquê se tem o desmaio ou a síncope.

Sincope Reflexa ou Neuromediada

1. Iniciada por um reflexo cardíaco e corporal anormal a um determinado estímulo, seja ele ambiental, visual, sensorial ou psicológico
2. Sente mal-estar antes do desmaio, normalmente calor, boca seca
3. Consegue se preparar e se sentar antes de desmaiar
4. Melhora rápida após o evento
5. Podem ser Vasovagal, Situacional ou por Hipersensibilidade do Seio Carotídeo

Síncope de Origem Cardíaca

1. Súbito, sem mal-estar prévio (Síndrome Desliga-liga)
2. Dor torácica previa típica, suor frio
3. Palpitações no peito ou sensação do coração acelerado antes do evento
4. Desmaio durante esforço ou atividade física

Síncope de Origem Postural ou Hipotensão Ortostática

1. Hipotensão postural
2. Disautonomia (Diabetes, Parkinson, Amiloidose)
3. Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante (SPOT)

SPOT ou POTS (Síndrome Postural Ortostática Taquicardizante)

                A POTS é uma síndrome específica, normalmente benigna, que ganhou um aumento de volume de casos principalmente após a era COVID.

                Ela se baseia numa resposta anormal ao esforço, ou mudança de postura, onde acontece uma elevação desproporcionalmente elevada a uma mudança de postura, e embora nem sempre leva a uma síncope, gera bastante desconforto ao paciente, podendo atingir frequências cardíacas acima dos 130 batimentos por minuto.

                Frequentemente os batimentos chegam a dobrar ou triplicar em velocidade com um simples movimento, o que não é normal, causando vertigem, tontura, palpitações, indisposição severa e ocasionalmente o desmaio.        

Como se inicia a Investigação de um Desmaio?

Por mais que seja muito comum se pensar em tomografia de crânio, raramente ali está a causa. O fator mais importante na realidade a avaliação detalhada da história clínica, ou o que o paciente ou acompanhante te conta de como foi o ocorrido. Isso pode ajudar em metade dos casos a distinguir a origem do desmaio.

Sinais que devem obrigatoriamente estar contidos na história clínica:

1. Como foi?
2. Onde ocorreu?
3. O que o paciente estava fazendo na hora do desmaio?
4. Com que frequência acontece o desmaio?
5. Existe um ambiente comum?
6. Sente mal antes do desmaio?
7. Quando tempo dura até retornar à consciência?
8. Fez xixi ou cocô na roupa?
9. Se machucou na queda?
10.  Existe histórico na família de morte súbita?
11.  Faz algum tratamento com medicações?
12.  Quais doenças prévias o paciente tem?

A partir daí começamos a ter um norte da origem da síncope. Sempre em avaliação inicial, em que a história do evento e do paciente talvez seja a parcela mais importante, complementamos com exame físico e eletrocardiograma de repouso.

A aferição de pressão deve ser feita sempre mais de uma vez, e mais de uma posição, como deitado e em pé.

Quais exames posso utilizar para descobrir a Causa?

Para não se fazer uso desnecessário de exames, entra novamente em jogo a história clínica, para guiar qual a causa mais provável e nos ajudar a utilizar os exames para dois cenários. Muitas vezes em alguns exames, queremos reproduzir o mal estar ou o desmaio, com o paciente monitorizado, embora possa parecer assustador para alguns pacientes.

“Confirmar que existe algo errado, ou confirmar que não existe algo errado.”

1. Eletrocardiograma
2. Teste ergométrico
3. Holter ou Looper
4. Ecocardiograma
5. Cintilografia Miocárdica
6. Cineangiocoronariografia Miocárdica
7. Angiotomografia de Coronárias
8. Ressonância Magnética Cardíaca
9. Teste clínico de Manobra do Seio Carotídeo
10.  Tilt Test
11.  Estudo Eletrofisiológico
12.  Angiotomografia de Tórax
13.  Ultrassonografia com Doppler de Carótidas
14.  Tomografia de Crânio

Afinal, desmaio é Grave ou Não?

Depende da causa.

Existem numa grande maioria causas benignas, onde o paciente não vai morrer por isso, apenas ter um desconforto, seja ele físico ou psicológico por trás de cada evento de desmaio.

Porém existem sim causas graves, que podem levar a morte súbita, e existem diferentes formas ou caminhos para chegar à descoberta da causa base e eventualmente propor o tratamento.

Alguns exemplos de causas graves, são alguns tipos de arritmias, síncope por isquemia miocárdica, por estenose aórtica grave, bloqueio atrioventricular total (BAVT) ou por disfunção ventricular e insuficiência cardíaca grave.

A gravidade, além da causa do problema, ocasionalmente está relacionada ao ambiente e o momento em que ela ocorre. Por exemplo um motorista de caminhão de carga, que está todo dia dirigindo em rodovia, pode até ter uma causa benigna do desmaio, mas apresentar o desmaio durante o trabalho, diringindo na rodovia pode se tornar grave.

Tratamento

Novamente, vai depender de qual a causa da síncope, e se realmente é uma síncope.

Nas sincopes neuromediadas ou reflexas, podemos ter causas benignas como psicológicas e emocionais onde o tratamento se baseia sempre na causa base, onde por exemplo podemos ter tratamento medicamentoso, terapia ou mudança no ambiente, alterando assim os gatilhos para as crises.

Outras medidas comportamentais incluem o aumento na ingesta de líquidos ao longo do dia (desde que não haja uma situação especifica que contraindique, como insuficiência cardíaca ou hemodiálise por exemplo).

Além disso, uso de meias elásticas compressivas de poder médio pode ser benéficas, além de alimentação mais regular, e mudanças de hábitos como evitar calor excessivo, evitar manter-se em uma posição como em pé, imóvel por longos períodos, evitar ambientes ou situações de estresse exagerado.

Em alguns casos ainda é possível fazer manobras que ajudem o retorno de sangue para melhorar a sensação de queda de pressão que vem piorando com o passar do tempo.

Essas manobras podem ser com contratura das mãos contra algum objeto (como uma bolinha), tensionamento dos braços, segurando uma mão contra a outra e exercendo uma força de abertura dos braços, e/ou o cruzamento das pernas com contração da musculatura.

Em casos mais importantes, com falhas nas medidas prévias, existe a possibilidade de algumas medicações, em casos mais selecionados.

Nas sincopes de origem cardíacas, podem ser necessários medicamentos antiarrítmicos, implante de marcapasso, implante de cardiodesfibrilador implantável e cirurgias para correção de válvula cardíaca.

Nas sincopes de origem postural ou de hipotensão ortostática, podem ser feito alterações em dosagens de medicações previamente utilizados, melhorar o tempo entre estar sentado ou deitado e se levantar, evitando movimentos muito bruscos, além de tratamentos específicos no caso de doenças de base causadoras do problema (como Parkinson, Diabetes Mellitus ou Amiloidose).

Lembre-se que cada paciente é único. O caminho a ser traçado desde observar a queixa e chegar ao diagnóstico deve levar em base uma comunicação aberta e franca entre o paciente e seu médico. Cada tratamento deve ser individualizado.

E é muita coisa, não? Daria pra cuidar bem de tudo isso em 10 minutos?

Cardiologia em Limeira – SP

O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.

O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.

Com experiência mista em urgência e emergência desde 2013, e atuando na área cardiológica desde 2019 nos setores da cardiologia, unidade de terapia intensiva cardíaca na Santa Casa de Limeira. Associado a isso, a união de equipe de saúde multidisciplinar do Instituto Evolução, trazendo o melhor dos dois mundos, da urgência e emergência ao consultório, contamos com o melhor para sua saúde cardiovascular e qualidade de vida.

Cartilha SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo