O que é Insuficiência Cardíaca?
Como o nome sugere, a insuficiência cardíaca é uma perda da capacidade do coração de exercer o seu papel, se tornando um órgão insuficiente para as funções do seu corpo.
Resumidamente o coração é como o motor de um carro ou uma bomba de aquário. Ele está lá para fazer o sangue do corpo circular e chegar aonde deve (todo órgão e todo canto do corpo), e se ele por algum motivo não estiver mais conseguindo fazer esse papel efetivamente, vai faltar sangue e oxigênio em outros órgãos.
E isso pode te causar falta de ar, cansaço, fadiga e piora da capacidade física, que normalmente é algo novo e muito bem marcada o início dos sintomas pelo paciente.
Por muitos é conhecido como “coração fraco” ou “coração grande”, “coração inchado”, mas todos os termos são para a mesma doença e o mesmo problema.
Quais os sintomas de Insuficiência Cardíaca?
O paciente pode num estágio inicial da doença não ter sintomas, o que faz com que não busque ajuda, mas já tem todo um porque de ter a doença em si. E é só questão de tempo..
Por que isso ocorre? De uma forma bem simples nós temos a eficiência da circulação sanguínea e chegada de oxigênio nos órgãos baseada em três pilares. Frequentemente temos que avaliar onde está o problema:
- Sangue (quem vai carregar oxigênio já absorvido e trocado nos pumões)
- Pulmões (quem vai trocar o oxigênio e gás carbônico por algo novo e fixá-lo no sangue)
- Coração (quem vai empurrar o sangue com oxigênio que já foi trocado pelos pulmões para o restante do corpo)
A investigação inicia pelo modo como a falta de ar é, pra tentar decifrar se o problema é por exemplo no sangue por uma anemia mais grave, deficiência na produção de sangue ou perda de sangue; se há um problema pulmonar, ou se o problema é cardíaco.

Normalmente o paciente procura ajuda quando realmente começa a ficar incomodado com a falta de ar. Relata que não consegue dormir uma noita toda bem, acorda várias vezes e precisa se sentar ou se levantar para melhorar. Caminha pouco e já se sente fadigado. É comum haver um marco na vida do paciente e frequentemente é relatado quando iniciou, que pode ser de semanas ou poucos meses.
- Falta de ar durante a noite, tendo muitas vezes que se levantar ou dormir sentado
- Inchaço nas pernas e pés (os dois lados)
- Sensação de palpitação ou coração acelerado muito mais facilmente
- Piora na capacidade física (para fazer a mesma locomoção como ir ao mercado por exemplo, agora tem que parar um pouco para respirar)
- Ocasionalmente percebido as “veias” do pescoço mais saltadas de um período mais recente

O que são períodos de Descompensação?
Quando o paciente entra em um período de descompensação, significa que por um momento, ele teve uma piora muito importante dos sintomas, normalmente causado por um ou mais fatores, e que provavelmente o levem a internação até melhora.
É comum o paciente descompensar por interromper o tratamento medicamentoso, por não controlar bem a pressão ou não se atentar que está ganhando peso e acumulando mais água no corpo (inchando as pernas). É possível que algo novo tenha acontecido também, como uma infecção, mudanças climáticas por exemplo.
E o que tudo isso junto ocasiona? A forma mais comum de descompensação, o Perfil B, que é o paciente normalmente com muita falta de ar, não conseguindo deitar para dormir, com as pernas muito inchadas, e o pulmão com água e frequentemente necessário o uso de suplementação de oxigênio e ajuste nas dosagens de medicações.

A internação é feita justamente para tentar melhorar o quadro mais rapidamente e retornar ao estágio prévio, enquanto estava bem no dia a dia, conseguindo dormir melhor, respirar melhor e fazendo suas atividades diárias.

De onde vem a Insuficiência Cardíaca? Por que ela surge?
É uma pergunta complexa e tem vários motivos para o mesmo problema. Citando apenas alguns:
- Pós Infarto
- Pressão alta não controlada
- Doenças nas valvas cardíacas
- Doença de Chagas
- Doenças genéticas cardíacas que alteram o formato do coração
- Arritmias não controladas
- Doenças metabólicas associadas (Obesidade, Diabetes, Idade)


Não é infrequente com a evolução da doença, aparecerem complicações em outros órgãos. No coração mesmo, a presença de arrítmicas pelo aumento do coração. No pulmão pelo coração não conseguir “empurrar” todo o sangue em diante e o acúmulo de líquido neles. Nos rins com insuficiência renal e hemodiálise.
Como é feito o Diagnóstico?
O diagnóstico é primariamente clínico. Soma de sinais e sintomas e escala de pontuação para definição da doença, dizemos que o paciente tem clínica sugestiva de insuficiência cardíaca. Nos resta detalhar os detalhes do quadro para melhor escolha de tratamento.
Posteriormente podemos abrir mão de exames para ajudar a confirmar a causa, estágio ou gravidade da doença com exames como:
- Raio-x de Tórax
- Ecocardiograma
- Holter
- Teste Ergométrico
- Cintilografia Miocárdica
- Cateterismo Cardíaco
- Ressonância Magnética Cardíaca
- Polissonografia
- Exames laboratoriais
- Testes genéticos
Nesse ponto tudo deve ser individualizado baseado em história clínica, exame físico, histórico do paciente, fatores de risco, doenças em atividade / tratamento.
E a insuficiência cardíaca tem Tratamento?
A primeira coisa a saber e ter consciência é que é uma doença grave e na maioria dos casos, não há cura, mas controle de sintomas e manejo da doença, logo é melhor a prevenção.
A doença é no grande cenário crônica, com piora progressiva, ou seja, tende a piorar ano a ano. Não dá para ter certeza da velocidade de evolução, mas sabemos que vai continuar piorando.
O tratamento na maioria dos casos visa melhorar sintomas, melhorar o funcionamento cardíaco e estender sobrevida. Existem alguns cenários mais específicos que no momento de procurar o porquê, é encontrado alguma causa reversível, e nesse caso, tratando a causa, há resolução do problema, definitivamente ou temporariamente.

A maioria dos pacientes vai fazer tratamento medicamentoso, e muitos são os mesmos remédios que tratam a pressão alta por exemplo (não todos). A mudança de hábitos de vida é um complemento importante. Outros vão evoluir com formas mais graves da doença, e será necessário cirurgias, marcapasso, hemodiálise, até transplante cardíaco.
Dentre os medicamentos, muitos também são usados para tratamento de pressão alta ou diabetes:
- IECA (Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina)
- BRA (Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina II)
- ARM (Antagonista dos Receptores Mineralocorticoides)
- Betabloqueadores
- Diuréticos
- INRA (Inibidor do Receptor de Angiotensina e da Neprilisina)
- iSGLT2 (Inibidores de SGLT2)
- Vasodilatadores diretos
- Digitálicos
O modo de tratar vai sofrer algumas variações baseado na causa do problema. De forma geral o tratamento medicamentoso visa abaixar a pressão arterial (aliviar a pressão exercida sobre o coração), aumentar o tempo e a força cardíaca para cada batimento ser mais eficaz, retirar o excesso de líquido do paciente (que causam o inchaço nos pés e agua nos pulmões).
Como é a vida e a sobrevida do paciente que vive com Insuficiência Cardíaca?
Depende.
Aqui vamos falar da maioria, com causas não reversíveis, onde o tratamento visa medicamento, mudança de estilo de vida, e ajuste frequente das medicações, doses e as vezes equipe multidisciplinar.
A doença e tão grave e subestimada pela maioria, mas segue alguns dados de revisões sistemáticas de artigos e dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
- Entre 2019 e 2023 (mesmo com a pandemia), houve quase 950.000 internações por insuficiência cardíaca no Brasil
- Só em 2023, segundo o DataSUS, foram registradas mais de 190.000 internações por pacientes por complicações da doença, e 24.000 óbitos
- Após primeira internação por descompensarão do quadro, 28% dos pacientes não vivem mais de um ano sem tratamento adequado
Esses dados são preocupantes, mas mesmo assim uma grande maioria dos pacientes e até médicos não dão o devido valor e gravidade a doença, encurtando muito a sobrevida.

Mas é possível viver bem? Sim. Porém depende de vários fatores, como a seriedade que o paciente vai levar o tratamento, o estágio da doença. Há pacientes com sobrevida de 20, 30 anos e até mais. Logo, nem tudo está perdido, desde que se faça um acompanhamento regular, e preferencialmente com seguimento multidisciplinar.
4 DICAS de ALERTA pra quem convive com Insuficiência Cardíaca
É muito comum ver o paciente ir ao pronto socorro ou pronto atendimento por descompensações, principalmente nos estágios mais avançados, alguns cuidados devem sempre ser observados para evitar as recorrências.
- Cuidado com a pressão alta por muito tempo (episódios emocionais ou falta da medicação). Pra um coração já fraco, receber uma pressão a mais, pode ser a causa da descompensação.
- Cuidado com o inchaço gradual (quando o paciente nota que vem inchando na última semana, ele tem tudo para algum momento descompensar por excesso de liquido). Nos períodos de oscilação de clima se torna mais comum (maio-junho) e final de ano.
- Cuidado com o excesso de sal (vai reter mais liquido e aumentar a pressão)
- Cuidado com infecções (infecções de quadro respiratório como gripes / pneumonias, infecção de urina – principalmente em mulheres, infecções de pele como erisipela).
E é muita coisa, não? Daria pra cuidar bem de tudo isso em 10 minutos?

Cardiologia em Limeira – SP
O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.
O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.
Com experiência mista em urgência e emergência desde 2013, e atuando na área cardiológica desde 2019 nos setores da cardiologia, unidade de terapia intensiva cardíaca na Santa Casa de Limeira. Associado a isso, a união de equipe de saúde multidisciplinar do Instituto Evolução, trazendo o melhor dos dois mundos, da urgência e emergência ao consultório, contamos com o melhor para sua saúde cardiovascular e qualidade de vida.
Cartilha SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo