Dr. Rafael Rosa

O que é Insuficiência Cardíaca?

Como o nome sugere, a insuficiência cardíaca é uma perda da capacidade do coração de exercer o seu papel, se tornando um órgão insuficiente para as funções do seu corpo.

Resumidamente o coração é como o motor de um carro ou uma bomba de aquário. Ele está lá para fazer o sangue do corpo circular e chegar aonde deve (todo órgão e todo canto do corpo), e se ele por algum motivo não estiver mais conseguindo fazer esse papel efetivamente, vai faltar sangue e oxigênio em outros órgãos.

E isso pode te causar falta de ar, cansaço, fadiga e piora da capacidade física, que normalmente é algo novo e muito bem marcada o início dos sintomas pelo paciente.

Por muitos é conhecido como “coração fraco” ou “coração grande”, “coração inchado”, mas todos os termos são para a mesma doença e o mesmo problema.

Quais os sintomas de Insuficiência Cardíaca?

O paciente pode num estágio inicial da doença não ter sintomas, o que faz com que não busque ajuda, mas já tem todo um porque de ter a doença em si. E é só questão de tempo..

Por que isso ocorre? De uma forma bem simples nós temos a eficiência da circulação sanguínea e chegada de oxigênio nos órgãos baseada em três pilares. Frequentemente temos que avaliar onde está o problema:

  1. Sangue (quem vai carregar oxigênio já absorvido e trocado nos pumões)
  2. Pulmões (quem vai trocar o oxigênio e gás carbônico por algo novo e fixá-lo no sangue)
  3. Coração (quem vai empurrar o sangue com oxigênio que já foi trocado pelos pulmões para o restante do corpo)

A investigação inicia pelo modo como a falta de ar é, pra tentar decifrar se o problema é por exemplo no sangue por uma anemia mais grave, deficiência na produção de sangue ou perda de sangue; se há um problema pulmonar, ou se o problema é cardíaco.

Paciente sentado por falta de ar

Normalmente o paciente procura ajuda quando realmente começa a ficar incomodado com a falta de ar. Relata que não consegue dormir uma noita toda bem, acorda várias vezes e precisa se sentar ou se levantar para melhorar. Caminha pouco e já se sente fadigado. É comum haver um marco na vida do paciente e frequentemente é relatado quando iniciou, que pode ser de semanas ou poucos meses.

  1. Falta de ar durante a noite, tendo muitas vezes que se levantar ou dormir sentado
  2. Inchaço nas pernas e pés (os dois lados)
  3. Sensação de palpitação ou coração acelerado muito mais facilmente
  4. Piora na capacidade física (para fazer a mesma locomoção como ir ao mercado por exemplo, agora tem que parar um pouco para respirar)
  5. Ocasionalmente percebido as “veias” do pescoço mais saltadas de um período mais recente

Pernas inchadas por Insuficiência Cardíaca

O que são períodos de Descompensação?

Quando o paciente entra em um período de descompensação, significa que por um momento, ele teve uma piora muito importante dos sintomas, normalmente causado por um ou mais fatores, e que provavelmente o levem a internação até melhora.

É comum o paciente descompensar por interromper o tratamento medicamentoso, por não controlar bem a pressão ou não se atentar que está ganhando peso e acumulando mais água no corpo (inchando as pernas). É possível que algo novo tenha acontecido também, como uma infecção, mudanças climáticas por exemplo.

E o que tudo isso junto ocasiona? A forma mais comum de descompensação, o Perfil B, que é o paciente normalmente com muita falta de ar, não conseguindo deitar para dormir, com as pernas muito inchadas, e o pulmão com água e frequentemente necessário o uso de suplementação de oxigênio e ajuste nas dosagens de medicações.

Insuficiência Cardíaca e Derrame Pleural

A internação é feita justamente para tentar melhorar o quadro mais rapidamente e retornar ao estágio prévio, enquanto estava bem no dia a dia, conseguindo dormir melhor, respirar melhor e fazendo suas atividades diárias.

Descompensação por Insuficiência Cardíaca

De onde vem a Insuficiência Cardíaca? Por que ela surge?

É uma pergunta complexa e tem vários motivos para o mesmo problema. Citando apenas alguns:

  1. Pós Infarto
  2. Pressão alta não controlada
  3. Doenças nas valvas cardíacas
  4. Doença de Chagas
  5. Doenças genéticas cardíacas que alteram o formato do coração
  6. Arritmias não controladas
  7. Doenças metabólicas associadas (Obesidade, Diabetes, Idade)

Diferenças de alteração estrutural na Insuficiência Cardíaca
Lesão Valvar e Insuficiiência Cardíaca

Não é infrequente com a evolução da doença, aparecerem complicações em outros órgãos. No coração mesmo, a presença de arrítmicas pelo aumento do coração. No pulmão pelo coração não conseguir “empurrar” todo o sangue em diante e o acúmulo de líquido neles. Nos rins com insuficiência renal e hemodiálise.

Como é feito o Diagnóstico?

O diagnóstico é primariamente clínico. Soma de sinais e sintomas e escala de pontuação para definição da doença, dizemos que o paciente tem clínica sugestiva de insuficiência cardíaca. Nos resta detalhar os detalhes do quadro para melhor escolha de tratamento.

Posteriormente podemos abrir mão de exames para ajudar a confirmar a causa, estágio ou gravidade da doença com exames como:

  1. Raio-x de Tórax
  2. Ecocardiograma
  3. Holter
  4. Teste Ergométrico
  5. Cintilografia Miocárdica
  6. Cateterismo Cardíaco
  7. Ressonância Magnética Cardíaca
  8. Polissonografia
  9. Exames laboratoriais
  10. Testes genéticos

Nesse ponto tudo deve ser individualizado baseado em história clínica, exame físico, histórico do paciente, fatores de risco, doenças em atividade / tratamento.

E a insuficiência cardíaca tem Tratamento?

A primeira coisa a saber e ter consciência é que é uma doença grave e na maioria dos casos, não há cura, mas controle de sintomas e manejo da doença, logo é melhor a prevenção.

A doença é no grande cenário crônica, com piora progressiva, ou seja, tende a piorar ano a ano. Não dá para ter certeza da velocidade de evolução, mas sabemos que vai continuar piorando.

O tratamento na maioria dos casos visa melhorar sintomas, melhorar o funcionamento cardíaco e estender sobrevida. Existem alguns cenários mais específicos que no momento de procurar o porquê, é encontrado alguma causa reversível, e nesse caso, tratando a causa, há resolução do problema, definitivamente ou temporariamente.

Medicamentos Insuficiência Cardíaca

A maioria dos pacientes vai fazer tratamento medicamentoso, e muitos são os mesmos remédios que tratam a pressão alta por exemplo (não todos). A mudança de hábitos de vida é um complemento importante. Outros vão evoluir com formas mais graves da doença, e será necessário cirurgias, marcapasso, hemodiálise, até transplante cardíaco.

Dentre os medicamentos, muitos também são usados para tratamento de pressão alta ou diabetes:

  1. IECA (Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina)
  2. BRA (Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina II)
  3. ARM (Antagonista dos Receptores Mineralocorticoides)
  4. Betabloqueadores
  5. Diuréticos
  6. INRA (Inibidor do Receptor de Angiotensina e da Neprilisina)
  7. iSGLT2 (Inibidores de SGLT2)
  8. Vasodilatadores diretos
  9. Digitálicos

O modo de tratar vai sofrer algumas variações baseado na causa do problema. De forma geral o tratamento medicamentoso visa abaixar a pressão arterial (aliviar a pressão exercida sobre o coração), aumentar o tempo e a força cardíaca para cada batimento ser mais eficaz, retirar o excesso de líquido do paciente (que causam o inchaço nos pés e agua nos pulmões).

Como é a vida e a sobrevida do paciente que vive com Insuficiência Cardíaca?

Depende.

Aqui vamos falar da maioria, com causas não reversíveis, onde o tratamento visa medicamento, mudança de estilo de vida, e ajuste frequente das medicações, doses e as vezes equipe multidisciplinar.

A doença e tão grave e subestimada pela maioria, mas segue alguns dados de revisões sistemáticas de artigos e dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

  1. Entre 2019 e 2023 (mesmo com a pandemia), houve quase 950.000 internações por insuficiência cardíaca no Brasil
  2. Só em 2023, segundo o DataSUS, foram registradas mais de 190.000 internações por pacientes por complicações da doença, e 24.000 óbitos
  3. Após primeira internação por descompensarão do quadro, 28% dos pacientes não vivem mais de um ano sem tratamento adequado

Esses dados são preocupantes, mas mesmo assim uma grande maioria dos pacientes e até médicos não dão o devido valor e gravidade a doença, encurtando muito a sobrevida.

Estágios de Evolução da Insuficiência Cardíaca

Mas é possível viver bem? Sim. Porém depende de vários fatores, como a seriedade que o paciente vai levar o tratamento, o estágio da doença. Há pacientes com sobrevida de 20, 30 anos e até mais. Logo, nem tudo está perdido, desde que se faça um acompanhamento regular, e preferencialmente com seguimento multidisciplinar.

4 DICAS de ALERTA pra quem convive com Insuficiência Cardíaca

É muito comum ver o paciente ir ao pronto socorro ou pronto atendimento por descompensações, principalmente nos estágios mais avançados, alguns cuidados devem sempre ser observados para evitar as recorrências.

  1. Cuidado com a pressão alta por muito tempo (episódios emocionais ou falta da medicação). Pra um coração já fraco, receber uma pressão a mais, pode ser a causa da descompensação.
  2. Cuidado com o inchaço gradual (quando o paciente nota que vem inchando na última semana, ele tem tudo para algum momento descompensar por excesso de liquido). Nos períodos de oscilação de clima se torna mais comum (maio-junho) e final de ano.
  3. Cuidado com o excesso de sal (vai reter mais liquido e aumentar a pressão)
  4. Cuidado com infecções (infecções de quadro respiratório como gripes / pneumonias, infecção de urina – principalmente em mulheres, infecções de pele como erisipela).

E é muita coisa, não? Daria pra cuidar bem de tudo isso em 10 minutos?

Dr Rafael Rosa - Cardiologia Cardiologista

Cardiologia em Limeira – SP

O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.

O Dr. Rafael Rosa atua em Cardiologia. Você deve ser o maior conhecedor do seu corpo e dos seus problemas, e merece ser cuidado com atenção, com tempo e carinho adequados.

Com experiência mista em urgência e emergência desde 2013, e atuando na área cardiológica desde 2019 nos setores da cardiologia, unidade de terapia intensiva cardíaca na Santa Casa de Limeira. Associado a isso, a união de equipe de saúde multidisciplinar do Instituto Evolução, trazendo o melhor dos dois mundos, da urgência e emergência ao consultório, contamos com o melhor para sua saúde cardiovascular e qualidade de vida.

Cartilha SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

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